domingo, 31 de janeiro de 2010
EXPOSIÇÃO DOS TRABALHOS DA PAZ...
CAMPEONATO DE ORTOGRAFIA
- Ai, ai!... Estes picos são a vergonha do meu focinho! Quem olha para mim, há-de pensar que não costumo pentear-me, ou que vi bicho-homem e se me puseram os bicos em pé…
A Poupa, que tem um lindo tufo de penas no alto da cabeça, ouviu-lhe o desabafo e aconselhou:
- Por que não faz uma permanente, vizinho?
Foi dali o Ouriço Carrapiço bater à porta do Mestre Ondinhas cabeleireiro que penteava as belezas da mata.
- Faça-me uma permanente, senhor cabeleireiro.
- A quente ou a frio? – perguntou Mestre Ondinhas. – Não tenho preferências, contanto que fique bem frisado.
O cabeleireiro deitou mãos à “cabeleira” do Ouriço Carrapiço, mas por muito artista que fosse não conseguia enrolar-lhe os picos. Dobrava um; logo que passava ao seguinte, saltava o primeiro como se fosse a mola de um boneco de corda. Se depois de muito transpirar, enrolava dois, picava os dedos nos outros!
Viu-se obrigado a desistir.
- Desculpe, mas você não é um Ouriço. É uma pregadeira de alfinetes com os bicos ao contrário!
O pobre do Ouriço Carrapiço foi-se embora desolado. Passou pelo prado e viu o Carneiro a pastar.
Que inveja sentiu daquela lã fofa e frisada, toda aos anéis!
- Ai, ai! Quem me dera ter caracóis! – suspirou.
A Pega, que é a maior linguareira da mata, badalou o desejo do Ouriço por toda a banda:
- O Ouriço Carrapiço quer caracóis! O Ouriço Carrapiço quer caracóis!
E a raposa, que tem olho para o negócio, apareceu logo em casa do Ouriço com um cesto cheio deles.
- Vendo-lhe os caracóis que forem precisos. Três? Quatro? Cinco dúzias?
O Ouriço Carrapiço agora está radiante. Enfiou um caracol em cada pico e ficou todo encaracolado.
Claro que quando chegar a Primavera e os caracóis puserem os pauzinhos ao sol, o Ouriço Carrapiço vai ter outra vez problemas…
Mas até lá, acha-se lindo e sente-se muito feliz.
...
Maria Isabel de Mendonça Soares,
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
A ZEBRA INSATISFEITA
Mas no meio desses animais todos vivia uma zebra muito especial: era uma zebra destemida, mas sempre insatisfeita. Apesar de ser amada por todas as zebras da sua manada, nunca estava feliz com o que tinha: ora porque a erva não era suficientemente tenra, ora porque não era tão alta ou tão verde como ela desejava, ora porque a água podia ser mais cristalina e saborosa...
Aquela zebra era mesmo resmungona! Insatisfeita com a sua sorte, embora querida por todos, menos pelos leões, claro - que também têm de comer para sobreviver -, a nossa zebra passava o dia a olhar para além das longínquas montanhas.
E fartava-se de dizer:
- Um dia partirei para além das montanhas. Estou certa de que lá, pelo que já ouvi o velho elefante dizer, há terras mais bonitas e mais ricas do que esta. Há terras onde existem animais mais maravilhosos do que estes, e eu vou de certeza dar-me bem por lá.
Assim, chegou o dia em que, enchendo-se de coragem, se despediu dos seus amigos e amigas e disse:
- É hoje que eu vou descobrir o que há para além das montanhas!
Os amigos suplicaram-lhe:
- Não faças isso! Tu és maluca! Olha que há muitos desafios, há muitos perigos e, quem sabe, tu chegas lá e não te vais sentir feliz. Nós aqui amamos-te! Porque vais emigrar?
Mas a zebra estava decidida. Não havia nada a fazer! Ninguém a faria mudar de ideias.
E assim foi: pegou na sua mochilinha e pôs-se a caminho, sem olhar para trás, sem um aperto no coração. Ela sabia que para lá daquelas montanhas iria encontrar a felicidade.
Andou, andou durante vários dias. Não foi fácil. Subiu a montanha, que era muito maior e com muito mais perigos do que imaginava. Era preciso ter cuidado com as rochas, com o calor, com os animais selvagens que por lá andavam, com as falésias, para não escorregar... Mas estava decidida!
Por fim, depois de uma longa caminhada, chegou ao outro lado da montanha.
O que viu, primeiro, pareceu-lhe ser encantador: de facto, havia uma erva muito verde, farta, abundante e os rios tinham muita água transparente. Só que a jovem zebra não se apercebeu logo de que ali era um território com muitos, muitos leões particularmente ferozes. E assim que desceu da montanha, os outros animais avisaram-na:
- Tem cuidado! Olha que era melhor teres ficado onde estavas, porque aqui estamos sempre em risco. Este sítio, visto de longe, é muito bonito… Mas quando chegamos cá apercebemo-nos de que as coisas são diferentes. O1ha que há muitos animais, antílopes, girafas, que fizeram como tu, e muitos já foram comidos e muitos outros estão a pensar voltar para trás..
- Não! - disse a zebra. - Eu sou corajosa! Nada me fará desviar da minha decisão !
E, valentemente, juntou-se aos outros animais. Só que depressa compreendeu que não era bem como imaginara. Todos os dias percebia que os animais estavam nervosos, inquietos, atentos, porque os leões e as leoas, insaciáveis, andavam sempre à caça. Eram tantos e tão ferozes que a zebra começou a ter medo: não podia dar-se ao luxo de um momento de distracção! Já não dormia sossegada; se ia ao riacho beber água, estava sempre a olhar para trás, não fosse ser surpreendida por alguma leoa; sempre que estava a pastar, permanecia com os seus sentidos em alerta. E todos os dias via amigos serem comidos pelos leões, que eram mesmo muito ferozes. Disse então para consigo: «E eu que pensava que vinha para um paraíso melhor do que aquele que tinha! ... Lá onde eu vivia havia leões, mas eram poucochinhos e deixavam-nos sossegados, às vezes semanas inteiras! Mas aqui não há um dia de descanso! Temos de estar sempre atentos, se não somos atacados e comidos.
A nossa zebra tão valente começou a ficar desmoralizada e a pensar que tinha sido imprudente, precipitada e que talvez valesse a pena reconsiderar o que fizera. Assim, um dia, resolveu ir falar com o velho cágado:
- Senhor cágado, o que acha? Devo ficar aqui ou devo voltar para o meu vale?
E o cágado, que era muito sábio, disse:
- Tu é que sabes. A decisão só pode ser tomada por ti. Mas também te digo: a minha sorte é os leões não gostarem da minha carapaça. E, além disso, trabalho sobretudo de noite, e de noite os leões estão a dormir, não tenho muitos problemas. Mas já vi morrerem muitas zebras aqui. Tu tinhas amigos onde vivias?
- Sim, tinha muitos, mas não lhes ligava lá muito. Estava sempre a sonhar e só me queria ir embora. Eles até devem estar zangados comigo.
Então, o velho cágado disse:
- Pensa bem. É melhor tomares uma decisão, porque, se ficas muito tempo por cá, já não voltarás: ou porque serás comida ou porque terás filhos e eles talvez já não queiram saber do teu lindo vale para nada! Vão habituar-se a isto! Por outro lado, os teus amigos vão criar a sua própria família e fazer outros conhecimentos, e, quem sabe, se demorares muito tempo, quando voltares, eles já nem te reconhecem!
- Pois é - concordou a zebra, pensativa. Nessa noite, não dormiu. Não só por estar inquieta, mas porque se pôs a olhar para as estrelas e a meditar: «Tenho de pensar muito bem e amanhã sem falta vou tomar uma decisão.»
...
QUAL TERÁ SIDO A DECISÃO DA ZEBRA? É SÓ CONTINUAR A LER A HISTÓRIA EM:
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
POMBINHA BRANCA
Um raminho de alecrim
Vai voando e vai dizendo
Lindos olhos tem Joaquim.
A pombinha branca leva
Uma florinha no pé
Vai voando e vai dizendo
Lindos olhos tem José.
A pombinha branca leva
Uma rosa do Japão
Vai voando e vai dizendo
Lindos olhos tem João.
Uma flor da cor do mel
Vai voando e vai dizendo
Lindos olhos tem Manuel.
CAMPEONATO DE ORTOGRAFIA
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
FESTA DA PAZ...
sábado, 23 de janeiro de 2010
PARA PENSAR A PAZ...
— Pergunto-me de onde veio — disse à mulher, nessa mesma noite. — Não é daqui da terra. A julgar pelas roupas, é originário das montanhas. Que vem fazer para aqui? Isto não me agrada nada. Isto não me agrada mesmo nada…
— Porque não vais cumprimentá-lo amanhã? — aconselhou-o a mulher. — Dá-lhe as boas vindas. De certeza que não conhece ninguém por estes lados.
— Nem penses nisso — ripostou o camponês. — Não sabes que os habitantes das montanhas são todos uns ladrões? Ignoremo-lo. Com sorte, talvez até se vá embora.
Todos os dias, o camponês trabalhava no arrozal. Com a água pela barriga das pernas, arrancava as ervas daninhas e punha-as num balde. Uma manhã, descobriu que o balde não estava no sítio do costume.
— Eu sabia — vociferava, enquanto levantava a cama e espreitava por detrás do armário. — Eu sabia. O homem roubou-me. Roubou o meu balde!
A mulher perguntou-lhe:
— Quem te roubou o balde?
— Ora quem! — sussurrou o homem — O montanhês!
— Ninguém te roubou nada — assegurou a mulher. — Sabes muito bem que passas a vida a perder tudo. Procura bem o balde e acabarás por o encontrar!
Mas o camponês não lhe deu ouvidos. Saiu de casa à socapa e foi espiar o vizinho. O jovem estrangeiro cuidava tranquilamente das suas tarefas, mas o camponês achou que ele tinha um ar suspeito.
— Não há dúvida — disse para consigo, semicerrando os olhos enquanto observava o montanhês. — Tem ar de ladrão de baldes, anda como um ladrão de baldes: é um ladrão de baldes!
— Bom-dia, vizinho — saudou-o o jovem, ao aperceber-se de que o camponês o espreitava por detrás de uma árvore.
O velho fugiu a correr. Quando chegou junto da mulher, disse-lhe, esbaforido:
— Estás a ver, até me cumprimenta para que não desconfie dele. É mesmo arrogante Desafia-me! Ri-se de mim!
O camponês barricou-se em casa com a mulher, as dez galinhas e os três porcos.
— Meu pobre amigo — disse-lhe a mulher, abrindo a porta — perdeste mesmo a cabeça!
— Mas — gemeu o camponês — agora que tem o meu balde, vai querer tudo o que eu tenho. E ainda não te disse tudo — acrescentou o homem, batendo os dentes. — Quando não são ladrões, os montanheses são malvados!
A mulher encolheu os ombros e foi dedicar-se às tarefas do dia.
Ao cair da tarde, o camponês saiu de casa para beber água do poço. E o que viu ele, pousado no parapeito do poço? O seu balde! Lembrava-se agora que tinha ido buscar água para dar de beber aos animais. Tinha-se esquecido completamente de pôr o balde no lugar.
— Mas — repetia para si mesmo, envergonhado — o montanhês tinha mesmo ar de ladrão…
Johanna Marin Coles e Lydia Marin Ross
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
CAMPEONATO DE ORTOGRAFIA
O lobo, a velha e a cabaça
Era uma vez uma velhinha que morava numa pequena aldeia, situada num vale, ali mesmo, ao descer a serra. Um dia, visitou-a a netinha, que vivia noutra aldeia, a cerca de légua e meia, convidando-a para o seu casamento. Primeiro hesitou, mas depois pensou melhor...
- Vou? Não vou? Ai não que não vou! Visto uma roupinha nova e já lá estou!
E foi. No dia do casamento, mal a manhã despontou, lá foi ela, subindo a ladeira, toda feliz com a festa da neta. Nisto, já a meio do caminho, eis que lhe aparece na frente um lobo, por sinal também muito satisfeito, dizendo:
- Mas que belo manjar me veio aqui parar!
Porém, a velhinha não se amedrontou. Diz-lhe ela:
- Que belo jantar?! Será que me estás a enxergar? Só levo pele e osso, não te vais fartar!
O lobo mirou-a, remirou-a, tomou-a a remirar, e viu que, de facto, não se iria fartar com aquele manjar. A velhinha era franzininha e magrinha. Só que, vestidinha como ia, com trajes de festa, não o tinha notado.
- Tens razão - concordou o lobo. - Mas que hei -de eu fazer? Alguma coisa tenho de comer!
- Pois olha - tomou-lhe a velhinha -, se fores esperto e souberes esperar, talvez ainda hoje tenhas um bom jantar!
E explicou-lhe:
- Como vou ao casamento da minha netinha, lá comerei boas papas de farinha! E à volta, sim, virei gordinha!
- Só com papas de farinha?!
- Quem diz papas de farinha, diz galo estufado, arroz de forno, cabrito assado!...
O lobo até dançava ao som das palavras que escutava. Da boca já lhe caíam pingos de água, cadenciados, só de imaginar tão belos assados.
Alexandre Parafita
"Contos de Animais com Manhas de Gente"
domingo, 17 de janeiro de 2010
O QUE ESTAMOS A LER...
Era uma vez um país
Entre a Espanha e o Atlântico
Tinha por rei D. Dinis
Que gostava de cantar.
Mas o reino era tão pouco
Que se pôs a perguntar:
- E se mar fosse um caminho
Deste lado para o outro?
E da flor de verde pinho
Das trovas do seu trovar
Mandou plantar um pinhal.
Depois a flor foi navio.
E lá se foi Portugal
Caravela a navegar.
E de repente um trovão.
Já não era o vento a uivar
Era a voz do Capitão
Que se pôs a comandar:
- Seja a bem ou seja a mal
Eu juro que hei-de passar
Porque as naus de Portugal
Não são naus de recuar.
Eu sou Bartolomeu Dias
Nada me pode parar.
Calaram-se as ventanias
E até as fúrias do mar.
De ilha em ilha e onda em onda
Viram que a Terra é redonda
E que o mar não é medonho
Caravelas, caravelas
Feitas de trova e de sonho
Cascas de noz pequeninas
Levam nas brancas velas
O pendão das cinco quinas.
Umas foram para o Oriente
Outras para o Sul
Umas ao Brasil chegaram
Outras à Índia e ao Japão.
Todas ao Mundo mostraram
Que o mar é um papão
Mas o primeiro a passar
Foi grande capitão.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
2ª DINASTIA OU DINASTIA DE AVIS
sábado, 9 de janeiro de 2010
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
UM TEXTO PARA O DIA DE REIS...
O Belchior estava farto de estar em casa a ver televisão. Mas foi justamente a televisão que lhe deu uma ideia. E se fosse com os amigos cantar as Janeiras? Já se tinham treinado nas aulas de música, agora era só ganharem coragem para o fazerem de porta em porta.
- Avó, posso ir dar uma volta? Não venho tarde.
Depois de lhe fazer mil e uma recomendações, a avó lá deixou e o Belchior foi à procura dos colegas. Não encontrou a Rita nem a Mafalda. O João tinha ido ao médico e o Gonçalo saíra para a natação. No caminho passou pela loja dos chineses e deu de caras com o Gaspar, que ajudava os pais, e com o Baltasar, que devia ter ido às compras.
- Vocês não querem vir cantar as Janeiras?
- Deve ser bué de divertido – entusiasmou-se o Baltasar. – Em Cabo Verde não havia disso.
O Gaspar, muito previdente, foi buscar um cesto para guardarem as ofertas e até trouxe umas pandeiretas da secção de brinquedos.
E lá partiram os três.
A primeira paragem foi junto do portão da professora. O Baltasar, sem vergonha, fez-se ouvir:
Ainda agora aqui cheguei
E já pus o pé na escada.
Logo o meu coração disse:
Aqui mora gente honrada.
A professora Rosa mandou-os entrar e deu-lhes uma mão-cheia de rebuçados.
A seguir, foram visitar o senhor Alberto, velhote de poucas falas, que lhes deu uma corrida.
- Avarento – balbuciou o jovem oriental. Mas Belchior, sem papas na língua, cantou-lhe:
Trinca martelo
Torna a trincar
Barbas de chibo
Não tem que nos dar.
Correram a rua direita e mais algumas travessas. Num instante viram o cestinho cheio de castanhas, nozes, chouriços, várias gulodices. E não faltavam sequer as moedas.
Por fim, bateram a uma porta desconhecida:
Boas festas, boas festas,
Nós aqui as vimos dar
Às pessoas desta casa
Se as quiserem aceitar.
Veio abrir-lhes a porta uma rapariga nova, muito pálida.
- Entrem – disse ela. – Desculpem não vos poder ajudar. Vim agora da maternidade e gastei o pouco que tinha em leite para o bebé. Mas quero que levem uma lembrança.
Ofereceu-lhes uma estrela-do-mar que estava em cima da mesa.
- Podemos ver o menino? – perguntou o Gaspar.
O bebé, muito rosado e pequenino, não tinha berço. Dormia numa alcofa. Os três rapazes, um branco, outro negro, o terceiro asiático, ajoelharam-se para o verem melhor.
Olharam uns para os outros e, sem dizerem uma palavra, despejaram o cesto aos pés do menino.
- Vocês são os três Reis Magos! – exclamou a rapariga, com os olhos húmidos. – Como se chamam?
- Baltasar, Gaspar, Belchior.
Luísa Ducla Soares, "O Livro das Datas"