Foi este o texto da 3ª fase do Campeonato:
O OURIÇO MAL PENTEADO
Todas as vezes que o Ouriço Carrapiço passava à beira do charco e se via ao espelho na água quieta, dava um suspiro:
- Ai, ai!... Estes picos são a vergonha do meu focinho! Quem olha para mim, há-de pensar que não costumo pentear-me, ou que vi bicho-homem e se me puseram os bicos em pé…
A Poupa, que tem um lindo tufo de penas no alto da cabeça, ouviu-lhe o desabafo e aconselhou:
- Por que não faz uma permanente, vizinho?
Foi dali o Ouriço Carrapiço bater à porta do Mestre Ondinhas cabeleireiro que penteava as belezas da mata.
- Faça-me uma permanente, senhor cabeleireiro.
- A quente ou a frio? – perguntou Mestre Ondinhas. – Não tenho preferências, contanto que fique bem frisado.
O cabeleireiro deitou mãos à “cabeleira” do Ouriço Carrapiço, mas por muito artista que fosse não conseguia enrolar-lhe os picos. Dobrava um; logo que passava ao seguinte, saltava o primeiro como se fosse a mola de um boneco de corda. Se depois de muito transpirar, enrolava dois, picava os dedos nos outros!
Viu-se obrigado a desistir.
- Desculpe, mas você não é um Ouriço. É uma pregadeira de alfinetes com os bicos ao contrário!
O pobre do Ouriço Carrapiço foi-se embora desolado. Passou pelo prado e viu o Carneiro a pastar.
Que inveja sentiu daquela lã fofa e frisada, toda aos anéis!
- Ai, ai! Quem me dera ter caracóis! – suspirou.
A Pega, que é a maior linguareira da mata, badalou o desejo do Ouriço por toda a banda:
- O Ouriço Carrapiço quer caracóis! O Ouriço Carrapiço quer caracóis!
E a raposa, que tem olho para o negócio, apareceu logo em casa do Ouriço com um cesto cheio deles.
- Vendo-lhe os caracóis que forem precisos. Três? Quatro? Cinco dúzias?
O Ouriço Carrapiço agora está radiante. Enfiou um caracol em cada pico e ficou todo encaracolado.
Claro que quando chegar a Primavera e os caracóis puserem os pauzinhos ao sol, o Ouriço Carrapiço vai ter outra vez problemas…
Mas até lá, acha-se lindo e sente-se muito feliz.
...
Maria Isabel de Mendonça Soares,
- Ai, ai!... Estes picos são a vergonha do meu focinho! Quem olha para mim, há-de pensar que não costumo pentear-me, ou que vi bicho-homem e se me puseram os bicos em pé…
A Poupa, que tem um lindo tufo de penas no alto da cabeça, ouviu-lhe o desabafo e aconselhou:
- Por que não faz uma permanente, vizinho?
Foi dali o Ouriço Carrapiço bater à porta do Mestre Ondinhas cabeleireiro que penteava as belezas da mata.
- Faça-me uma permanente, senhor cabeleireiro.
- A quente ou a frio? – perguntou Mestre Ondinhas. – Não tenho preferências, contanto que fique bem frisado.
O cabeleireiro deitou mãos à “cabeleira” do Ouriço Carrapiço, mas por muito artista que fosse não conseguia enrolar-lhe os picos. Dobrava um; logo que passava ao seguinte, saltava o primeiro como se fosse a mola de um boneco de corda. Se depois de muito transpirar, enrolava dois, picava os dedos nos outros!
Viu-se obrigado a desistir.
- Desculpe, mas você não é um Ouriço. É uma pregadeira de alfinetes com os bicos ao contrário!
O pobre do Ouriço Carrapiço foi-se embora desolado. Passou pelo prado e viu o Carneiro a pastar.
Que inveja sentiu daquela lã fofa e frisada, toda aos anéis!
- Ai, ai! Quem me dera ter caracóis! – suspirou.
A Pega, que é a maior linguareira da mata, badalou o desejo do Ouriço por toda a banda:
- O Ouriço Carrapiço quer caracóis! O Ouriço Carrapiço quer caracóis!
E a raposa, que tem olho para o negócio, apareceu logo em casa do Ouriço com um cesto cheio deles.
- Vendo-lhe os caracóis que forem precisos. Três? Quatro? Cinco dúzias?
O Ouriço Carrapiço agora está radiante. Enfiou um caracol em cada pico e ficou todo encaracolado.
Claro que quando chegar a Primavera e os caracóis puserem os pauzinhos ao sol, o Ouriço Carrapiço vai ter outra vez problemas…
Mas até lá, acha-se lindo e sente-se muito feliz.
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Maria Isabel de Mendonça Soares,
"Histórias para Ler e Contar", Edições Vega.
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