sábado, 22 de maio de 2010

DIA DO AUTOR PORTUGUÊS

Foram estes os poemas de João Pedro Mésseder escolhidos pelos piratas, que disseram no recital da Poesia:

MÃE - CHUVA

Mãe – chuva
Deixa-me sair
E a bola na rua jogar
E o vento na cara sentir.

E deixa, mãe – chuva, olhar
Tocar o tesouro do sol
No resto do girassol
Que vive naquele jardim.


As piratas Catarina R. e Filipa

VERDADE E MENTIRA

Baixa as velas
à mentira,
não a deixes
velejar.

À verdade
Dá-lhe o vento
p´ra que possa
navegar.

O pirata Luís


ESTA PALAVRA É ISTO

Esta palavra é uma nuvem,
Aquela palavra é uma pétala.

Esta palavra é um cântaro,
Aquela palavra é uma chama.

Esta palavra é um pássaro,
Aquela palavra é um peixe.

Esta palavra é um rosto,
Aquela palavra é uma pedra.

Esta palavra é um sino,
Aquela palavra é um gesto.

Esta palavra é um anjo ,
Aquela palavra é um segredo.

Esta palavra é isto ,
Aquela palavra é o que eu quero.

A pirata Beatriz

FORMAS

Tem a forma da redoma.
Chama-se segredo.

Tem a forma de uma nuvem.
Chama-se silêncio.

Tem a forma de uma pedra.
Chama-se sílaba.

Tem a forma de uma árvore.

Chama-se mãe.

Tem a forma de uma chave.
Chama-se pai.

Tem a forma de um pássaro.
Chama-se filho.

Tem a forma de liberdade.
Chama-se vento.

As piratas Anisia e Ana S.

«O g

O g é um gato enroscado
a dormir ao sol de Maio.»


A pirata Mariana

«O silêncio vive numa casa
onde a música
entra quase sem pedir licença.»

A pirata Leonor

MATERIAIS

Um coração
faz-se de amoras.
Uma mão
faz-se de galhos.
Uma flor
faz-se zumbindo.
Uma árvore
faz-se de ninhos.
Um cavalo
faz-se de vento.
Uma nuvem
faz-se de linho.
Um rio
faz-se de silêncio.
Uma casa
faz-se por dentro.

A pirata Inês

ORDENS

Acende a luz
Mári Cruz

Abre a porta
Zé da Horta

Limpa os pés
Barnabé

Traz a lenha
Zé da Penha

Acende o fogo
Zé Diogo

Fecha a janela
Marinela

Traz a água
Zé Mortágua

Come a sopa
Zé da Poupa

Vai à pia
Zé Maria

Lava o chão
Adrião

Apaga a luz
Mári Cruz

As piratas Ângela e Andreia

MAIS ORDENS

Acende a luz
Mári Cruz

Baixa a voz
Galaroz

Junta o feno
Zé Sereno

Faz o pino
Adelino

Vai girando
Zé Orlando

Dá-me o lenço
Zé Lourenço

Traz papel
Zé Miguel

Traz caneta
Zé Sineta

Escreve a tinta
Zé Jacinto

Abre o olho
Zé Piolho

Apaga a luz
Mári Cruz

Os piratas Ricardo e Diogo.

TABUADA DO DOIS

- Dois vezes um dois. Carrega-me com os bois.
- Dois vezes dois quatro. Engraxa-me os sapatos.
- Dois vezes três seis. Ganhas uns vinténs.
- Dois vezes quatro oito. Talvez sete ou oito.
- Dois vezes cinco dez. Escova os canapés.
- Dois vezes seis doze. Afinal dou-te onze.
- Dois vezes sete catorze. Nem onze nem doze.
- Dois vezes oito dezasseis. Só te dou é seis.
- Dois vezes nove dezoito. Faço-te num oito.
- Dois vezes dez vinte. Chega de preguiça.
Não sou tua criada. Só te dou de meu esta rima errada.


Os piratas Ana V., André, Tiago A. e Tiago R.

DE QUE COR?

- De que cor é a alegria?
- Azul como um céu de aguarela.

- De que cor é o desejo? -
Vermelho como um país recém-criado.

- De que cor é a saudade?
- Lilás como um piano vagaroso.

- De que cor é a rosa do tempo?
- Branca e negra, branca e negra.

Os piratas João e Duarte

CARACOL

Já se vê o arrebol,
sai de casa, caracol,
põe os corninhos ao sol.

Em volta do velho pardal
já vi outros, pequeninos,
a debicar no quintal.

Os meninos ainda dormem,
o gato ainda dormita
e o cão ressona ainda.

O jardineiro não veio
e o galo preso ao poleiro
só o ouvi uma vez.

Caracol, caracol,
O terreno ‘inda está livre,
Põe os corninhos ao sol.

O pirata Pedro

PAPAGAIO

Há palavras
feitas p’ra voar
num céu de Maio.

Leves palavras
ao colo do vento,
construídas
com o papel
colorido
dos teus sonhos.

Tomas uma
e soltas o fio
que a prende
à tua mão.

E a palavra
ganha asas,
eleva-se no ar
com o seu longo
ditongo
voador.

Até encontrar,
no mais alto
de ti mesmo,
um lugar
imenso
para morar.

O pirata António

VERÃO

No pomar, os frutos
amadurecem o sol.


PRIMAVERA

A romãzeira borda
o sorriso do sol
no lenço de namorados

UM SONHO DA TERRA

A paz é um sonho
vagaroso da terra:
é uma ave sulcando
um azul muito alto,
é um mar sossegado
e uma língua de espuma
lambendo o areal.

A paz é um sonho
vagaroso da terra:
igual é o diferente
e diferente o igual.
A paz é a água,
o vinho e o pão,
o rio e a árvore,
o campo e a cidade,
a escola, o hospital,
o tractor, a oficina,
o avião e o navio...
A paz não é a morte
nem febre do ouro,
a paz é um sonho
vagaroso da terra.

A paz é uma pátria
- adivinho-lhe a cor –
um país a erigir
(uma pedra outra pedra)
os seus dias por vir.

A pirata Catarina P.

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