sábado, 13 de março de 2010

CAMPEONATO DE ORTOGRAFIA

Decorreu ontem a 6ª fase do Campeonato. Foi este o texto que os Piratas completaram:

Coração de robô
..
Andava triste o robô “Zé Vírgula Quatro” por não ter ninguém com quem brincar. À noite, depois de ter feito todas as contas, cálculos e outras operações matemáticas, e de ter transportado minérios raros de uns sítios para os outros, fechavam-no a sete chaves num armazém escuro onde tinha por companhia tubos de ensaio, provetas, porcas, parafusos, ecrãs e outros aparelhos esquisitos que ele nem sequer sabia para que serviam.
Na manhã seguinte davam-lhe instruções rigorosas sobre o que tinha que fazer. As suas tarefas eram sempre muito complicadas e ele não podia falhar.
Um dia, cansado de fazer sempre a mesma coisa e já farto de números, de equações e de cálculos difíceis, ficou ainda mais triste e sentiu que pela sua carapaça de lata escorriam gotas de água. Os técnicos analisaram as gotas durante alguns dias e, por fim, chegaram a uma conclusão: “São lágrimas!” O robô “Zé Vírgula Quatro” estava a chorar e para os seus inventores e para os donos da fábrica onde ele trabalhava um robô que chora é um robô que não presta.
Imobilizado num canto do grande armazém onde costumavam guardá-lo à noite, “Zé Vírgula Quatro” ouviu a sentença final:
- Deixou de prestar. Temos de o vender como sucata!
“Zé Vírgula Quatro” sentiu o que nunca havia sentido: dentro do peito feito de metal e de fios emaranhados havia agora um coração que batia a galope.
As crianças que viviam na vizinhança da fábrica juntaram-se e pediram que, em vez de o deitarem para a sucata, o colocassem no meio do jardim onde costumavam brincar. O pedido foi atendido. Hoje, “Zé Vírgula Quatro”, rodeado de crianças e pássaros, já não chora e o seu coração sempre que bate é de alegria.

José Jorge Letria, Histórias do Sono e do Sonho, Desabrochar

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