Essa noite era diferente. Jantávamos à pressa, enfiávamos um carapuço de lã na cabeça e corríamos para casa do velho Trindade. Pegávamos em castanholas, ferrinhos, pandeiretas, um bombo, uma flauta de cana.
Saíamos de casa e começávamos a tropeçar nas pedras do caminho. E ríamos. É que era noite de Reis e nós íamos cantá-los!
-Ó dono de casa, dá-nos os Reis?
Lá de dentro, respondiam:
-Cantem-nos! (...)
Saíamos de casa e começávamos a tropeçar nas pedras do caminho. E ríamos. É que era noite de Reis e nós íamos cantá-los!
-Ó dono de casa, dá-nos os Reis?
Lá de dentro, respondiam:
-Cantem-nos! (...)
E nós, todos afinados, todos encapotados, cantávamos, na noite gelada:
Boas festas, boas festas
boas festas vimos dar
para todos os senhores
que estão dentro desse lar.
..
..
Quem diremos nós que viva
na folhinha do loureiro?
Viva o senhor da casa
que é um grande cavalheiro!
..
O dono da casa abria a porta e dava-nos maçãs, figos, nozes, rabanadas, moedas, do que tinha... E nós lá íamos à outra e a todas as portas da aldeia.
António Mota
..
Copiado pelas piratas Catarinas
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